terça-feira, 6 de setembro de 2016

Sobre o filme «Uma Diva Fora de Tom» (Florence Foster Jenkins) de Stephen Frears, 2016



















Pode não ser o melhor filme actualmente em exibição, mas que o mestre Stephen Frears («A Minha Bela Lavandaria» 1985, «Ligações Perigosas» 1988, «Anatomia de Um Golpe» 1990, «Estranhos de Passagem» 2002, «A Rainha» 2006)  resolve a coisa na perfeição, lá isso resolve!

Podia até ser o filme musical mais dissonante de sempre (não fosse a banda sonora de Alexandre Desplat), mas a diva Meryl Streep, sempre atraída por musicais («Prairie Home Companion» 2006, «Mamma Mia!» 2008, «Ricki and the Flash – de Volta a Casa», 2015), tudo interpreta com a maior distinção.

Stephen Frears entrega-lhe fielmente a difícil tarefa do burlesco e da desafinação luxuriante. Ela deve cantar mesmo muito mal (e todos sabemos como a actriz canta afinado) e produzir o melhor palhaço. E nesse papel Meryl Streep é, sem qualquer dúvida, única!

O realizador deixa, depois, a Hugh Grant (St. Clair Bayfield, o marido e primeiro facilitador) e Simon Helberg (Cosmé McMoon, o pianista e segundo facilitador) o papel de transmitir ao mundo musical abstracto de Florence Foster Jenkins a necessária boa disposição emocional. E  eles também se saem bastante bem.

Sem falar da fotografia, do guarda-roupa, dos décors das salas de espectáculo e restaurantes, dos carros, dos acessórios, das cores de um mundo que de comédia «gargalhosa» vai sendo transformado em tragédia contemplativa.

(E nas mais belas imagens do rosto desfalecido sobre a almofada de Florence, de crânio coberto pelo turbante, não pude deixar de recordar a famosa pintura de Jean Louis David «A Morte de Marat» 1793.)

jef, agosto 2016


«Uma Diva Fora de Tom» (Florence Foster Jenkins) de Stephen Frears. Com Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, John Kavanagh, Rebecca Ferguson e Nina Arianda.  Grã-Bretanha, 2016, Cores, 110 min.

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