quinta-feira, 2 de março de 2017

Sobre o disco «Process» de Sampha, Young Turks / PopStock 2017



















Não só os sapatos têm alma.
Também o piano perdido no quarto interior da avó soa firme, embora vagamente desafinado, na memória. Tocado apenas pelo eco que vem recuperar, refazer e ajustar os resquícios da música velha face aos nossos (ou novos) caminhos sonoros.

«James Blake» (2011), «Coexist» dos The XX (2012), «Everyday Robots» de Damon Alborn (2014), «At Least for Now» de Benjamin Clementine (2015). Esqueçam-nos ou reúnam-nos todos no vão empoeirado onde gostamos de coleccionar os acordes esquecidos. As baladas «(No One Knows Me) Like the Piano» ou «Take Me Inside», uma a seguir à outra, só confirmam a amabilidade, a intensidade, a força emocional de um modo sério de encarar a comunicação musical. 

Electro-soul, rhythm and blues, hip-hop, talvez trip-hop, na produção mais cuidada. Sampha Sisay tem 28 anos vem de Londres, Londres que vem da Serra Leoa, e traz um mundo grande que explora para ceder-nos a teoria de um universo certo mas por identificar.

Toda a verdadeira música é assim. No interior, está lá um sentido íntimo que desconhecemos mas que nos aproxima do Universo mais cósmico, por assim dizer, sem limites no espaço ou no tempo. A partícula de nós.


jef, março 2017

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