terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sobre o filme «Sorrisos de uma Noite de Verão» de Ingmar Bergman, 1955














Nunca se entende muito bem se as comédias de Bergman falam do amor, se da morte. Não são propriamente comédias negras, mas são altas comédias onde o laivo de tristeza pelo irrecuperável ou pelo intangível sustém cada palavra, cada gesto estudado, cada esgar. Se existe um realizador dramático, no sentido da tragédia grega ou da comédia shakespeariana, ele é Ingmar Bergman. Tudo parece ser o que deve parecer, tudo será o que o espectador, mais ou menos atento, sentirá ou quiser.

A pedido de sua filha Desirée Armfeldt (Eva Dahlbeck), actriz e amante em simultâneo do advogado Fredrik Egerman (Gunnar Björnstrand) e do conde-militar Malcolm (Jarl Kulle), a Madame Armfeldt (Naima Wifstrand), transportada ao colo da cama para a mesa, juntará os amantes durante alguns dias. Ao jantar, todos se sentam frente da anfitriã e beberão o vinho baptizado com gotas de leite de mulher e de esperma de cavalo. O elixir da verdade do amor, infalível!

Claro, também ali se encontram a condessa Charlotte Malcolm (Margit Carlqvist), o filho do primeiro casamento de Frederik, Henrik Egerman (Björn Bjelfvenstam) e a jovem madrasta deste, Anne Egerman (Ulla Jacobsson). Além, desse objecto de desejo, Petra, a criada de Anne (Harriet Andersson).

Os dados da reconciliação estão lançados. Porém, eles têm diversas faces e a do amor, para os apaixonados, contempla a do castigo. Felizes os amantes que vivem sem paixão e, por isso, não serão castigados. É essa a luminosa e sombria conclusão a que chegam Petra e o criado (Gösta Prüzelius) enquanto pretendem fugir um do outro e trocam juras permanentes de casamento.

Feliz o Amor por ser finito, infeliz a morte por infinita.
Delicadas, as noites de Verão que contêm os três sorrisos.

«Sorrisos de uma Noite de Verão» é um dos mais belos, divertidos, intrigantes  e melancólicos filmes de Ingmar Bergman.

jef, dezembro 2018

«Sorrisos de uma Noite de Verão» (Sommarnattens leende) de Ingmar Bergman. Com Ulla Jacobsson, Eva Dahlbeck, Margit Carlqvist, Harriet Andersson, Gunnar Björnstrand, Jarl Kulle, Åke Fridell, Björn Bjelfvenstam, Naima Wifstrand, Jullan Kindahl, Natorp Malla, Birgitta Valberg, Bibi Andersson, Gösta Prüzelius. Fotografia: Gunnar Fischer; Música: Erik Nordgren. Suécia, 1955, P/B, 108 min.

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