Trinta
minutos é pouco.
Claro
que é impossível esquecer Anna Magnani filmada por Rossellini (L'Amore / La
Voce Umana) nessa extraordinária recriação da peça de Jean Cocteau. Mas Tilda Swinton
e Pedro Almodóvar não pretendem que alguém esqueça ou compare. Desejam um modo
diverso de fazer teatro.
Tilda
Swinton é, pelo seu lado, única a mover-se sem ruído pelo cenário construído à
medida dos decores, do guarda-roupa, da luz, cores e definição estética da narrativa
de Almodóvar. Cada espaço é uma cena e cada cena é construída entre muros,
dentro do paralelepípedo do estúdio cinematográfico. Vazio. Como vazia é a
espera pela chegada do amor ansiado mas definitivamente desaparecido.
Um
truque de intimidade sem peias da criatividade de Pedro Almodóvar, a lembrar
a técnica cénica e teatral de Federico Fellini em «O Navio» (1983).
Mas
tudo surge ligeiramente apressado…
O
que me parece é que o espectador, Jean Cocteau e Tilda Swinton mereciam mais
tempo para levar a dor do abandono até à superfície iluminada da redenção.
Ou,
então, era eu que precisava de mais tempo de cinema!
jef,
julho 2021
«A
Voz Humana» (The Human Voice) de Pedro Almodóvar. Curta-metragem. Com Tilda
Swinton e o cão Dasch. Argumento: Pedro Almodóvar baseado na peça de teatro de Jean
Cocteau. Produção: Agustín Almodóvar e Esther García. Fotografia: José Luis
Alcaine. Música: Alberto Iglesias. Espanha, 2020, Cores, 30 min.
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