A bela luz das estrelas idas
«Cavalo Dinheiro» é mais uma muralha colocada em torno do
reino de Pedro Costa. Um rochedo enorme que pega no passado e o leva até ao
futuro sem parar no presente. Um filme sem presente. Que importa que nos
coloque a 25 de Abril de 1974 ou a 28 de Julho de 2013? Aqui só existe a
interpretação do espaço e do tempo pela luz. Apenas a luz e a sua velocidade.
Coisa praticamente sem matéria mas que leva as estrelas falecidas a reflectirem-se
no nosso futuro. Onde estaremos nós nesse momento preciso? Pela luz talvez
cheguemos a algum lugar incerto. Talvez através do fotograma, meticulosamente
suprimido e recolocado, possamos ver finalmente o sorriso de Vitalina
reflectida sobre a bondade de uma carta falsa. Talvez seja Goya, Bruegel,
Rembrant, Edward Hopper, a explicar-nos o presente da luz que virá ter
connosco. Essa tristeza… Ou Murnau, não sei… Nosferatu pode ter medo da vida
mas Ventura não tem medo da morte… Este filme jamais nos perderá! Quem o
perderá?
jef, dezembro 2014
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