Guardar religiosamente um
demónio no armário (juntamente com a garrafa de aguardente) é sempre útil para
mantermos a consciência alerta. Ingmar Bergmar diz-nos mais: a consciência não
é consciente não é nada se não estiver nesse estado de vigília. Sobre o
assunto, esta comédia ainda acrescenta, «é preferível um pequeno êxito do
Inferno ao triunfo retumbante do Paraíso». Assumido o estado desperto da
bondade perante a sedução do engano, estamos preparados para enfrentar a verdade,
a idade adulta, o amor pleno. Também o teatro. No palco, os factos são
suficientemente claros para serem entendidos. Na vida e no amor, as coisas são
bastante mais confusas. Afinal, como podemos classificar o melhor beijo: pelo
sabor que deixa na memória ou pela ferida que imprime?
Ao que parece, Ingmar
Bergman não valorizava muito este filme, conseguido através de um negócio tido
com o produtor Carl Anders para conseguir realizar «A Fonte da Virgem» (1959). Eu valorizo.
jef, fevereiro 2014
«O Olho do Diabo» (Djävulens Öga) de Ingmar Bergman, Com Jarl Kulle,
Bibi Andersson, Stig Jarrel, Nils Poppe, Gertrud Fridh, Axel Duberg, Allan
Edwall, Gunnar Björnstrand. 1960, P/B, 87 min.
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