quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sobre o filme «O Salão de Jimmy» de Ken Loach, 2013


















A arte é mais política do que a violência.
Pode não ser o melhor filme de Ken Loach, mas é um filme de Ken Loach. Pode ser demasiado programático e temporalmente confuso mas é um belo filme inglês. Daqueles com os cenários, o guarda-roupa, a banda-sonora, os diálogos e os actores no lugar certo. E, acima de tudo, é muito bom reflectir no papel da arte na política. Hoje, com a violência real a surgir como falso acto estético emanado de algum perverso vídeo-clip ou jogo de play-station (Síria Iraque Palestina Israel Ucrânia Europa Estados Unidos…) é bom relembrar como a poesia, a música e a dança podem unir consciências e agregar comunidades. O coreógrafo e bailarino Maurice Bèjart (1927-2007) sabia-o quando discursou no Coliseu de Lisboa, em 1968. O contrabaixista Charlie Haden (1937-2014) sabia-o quando discursou no Dramático de Cascais, em 1971. Bèjart e Haden sofreram as consequências mas exerceram o seu direito político à dança e à música. Exerceram o seu direito de consciência pública. No filme, também Jimmy Gralton ajudou a entregar o direito colectivo da dança à população do Condado de Leitrim (Irlanda), em 1932. Sofreu as consequências mas fez política.

jef, agosto 2014

«O Salão de Jimmy» (Jimmy's Hall) de Ken Loach. Com Barry Ward, Simone Kirby, Jim Norton, Francis Magee, Aisling Franciosi, Andrew Scott. Grã-Bretanha, 2013, Cores, 109 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário