A arte é mais política do que a
violência.
Pode não ser o melhor filme de Ken
Loach, mas é um filme de Ken Loach. Pode ser demasiado programático e
temporalmente confuso mas é um belo filme inglês. Daqueles com os cenários, o
guarda-roupa, a banda-sonora, os diálogos e os actores no lugar certo. E, acima
de tudo, é muito bom reflectir no papel da arte na política. Hoje, com a
violência real a surgir como falso acto estético emanado de algum perverso
vídeo-clip ou jogo de play-station (Síria Iraque Palestina Israel Ucrânia Europa
Estados Unidos…) é bom relembrar como a poesia, a música e a dança podem unir
consciências e agregar comunidades. O coreógrafo e bailarino Maurice Bèjart
(1927-2007) sabia-o quando discursou no Coliseu de Lisboa, em 1968. O
contrabaixista Charlie Haden (1937-2014) sabia-o quando discursou no Dramático
de Cascais, em 1971. Bèjart e Haden sofreram as consequências mas exerceram o
seu direito político à dança e à música. Exerceram o seu direito de consciência
pública. No filme, também Jimmy Gralton ajudou a entregar o direito colectivo
da dança à população do Condado de Leitrim (Irlanda), em 1932. Sofreu as
consequências mas fez política.
jef, agosto 2014
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