sexta-feira, 1 de junho de 2018

A lebre









Sinceramente.
A lebre está alerta. Espeta as longas orelhas.
Escuta o movimento do vento.
O silêncio das árvores.
Os cheiros e os passos.
Nada diz sobre a morte. Apenas ouve.
Nem a caçadeira está ainda apontada.
Até o sangue murmura inaudito
como um grão de chumbo a rolar no fundo da ribeira.
A lebre mantém-se alerta. O Verão chegou.
Fechamos os olhos. Aprisionamos o ar no coração.
Talvez amanhã ainda seja dia.

jef, junho 2018

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