quinta-feira, 7 de junho de 2018

Sobre o filme «O Workshop» de Laurent Cantet, 2017









Perto da cidade de Marselha, durante o Verão sem aulas, um grupo de jovens, mais ou menos motivados pela imposição do centro de formação, reúnem-se num atelier de escrita narrativa moderado pela autora de livros policiais Olivia Dejazet (Marina Foïs). Terão de discutir, organizar e escrever uma ficção policial. O tema é livre.

O que faz este filme mesmo muito cativante, diria estratégico, se o enquadrarmos nessa boa categoria de filmes sociais que a cinematografia francófona nos tem dado, é o facto de colocar o espectador entre a perspectiva social e histórica de uma região de combate operário, cuja mistura étnica e religiosa lhe acrescenta um outro e importante grau de conflituosidade e, por um lado, o lado íntimo, quase voyeurista, de quem teima em escrever e, para isso, deseja ir mais longe, investigar, ceder, tocar talvez o lado proibido da privacidade.

O melhor do filme é exactamente essa estratégia de conflito que se vai estabelecendo num crescente modo de filme policial (sem policias) entre a voluntariosa escritora que anseia que o editor aprove a sua prosa menos inspirada, e Antoine (Matthieu Lucci) que, apesar da sua escrita mais viva despertar alguma inveja em Olivia, teima o confronto com o tédio a que a sua adolescência sem grande futuro o obriga.

jef, junho 2018

«O Workshop» (L'Atelier) de Laurent Cantet. Com Marina Foïs, Matthieu Lucci, Florian Beaujean, Warde Rammach, Julien Souve e Issam Talbi. Argumento: Laurent Cantet e Robin Campillo França, 2017, Cores, 133 min.


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