quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Sobre o filme «The House That Jack Built - A Casa de Jack» de Lars von Trier, 2018










A violência de Lars von Trier está, a cada filme, mais ineficaz. O seu cinema mais vazio.
«The House That Jack Built - A Casa de Jack» é um filme cansativo e inútil, maniqueísta (do filósofo cristão do século III, Maniqueu – fui à Wikipédia) e vaidoso. Talvez fútil e com um forte laivo de foleirice, no final.

Colocar o próprio assassino Jack (Matt Dillon) a filosofar o tempo inteiro com Verge (Virgílio??) (Bruno Ganz) sobre o distúrbio obsessivo-compulsivo e o efémero da arte que apodrece, parece-me demais. Usar cenas dos seus filmes anteriores, colando-os a imagens reais do(s) holocausto(s), imitar Bob Dylan a lançar cartõezinhos com legendas para o chão, invocar Goethe ou William Blake para, por fim, construir uma bela casinha com os cadáveres congelados e dentro dela se perder até ao mais fundo dos infernos, com um toque de cenário maçónico à Harry Potter, torna-se insuportável.

Nem Matt Dillon nem Bruno Ganz conseguem salvá-lo. Muito menos as extraordinárias actrizes que dão corpo intenso aos crimes sádicos e à tortura sanguinária, Uma Thurman, Riley Keough, Siobhan Fallon Hogan, Sofie Gråbøl. Tudo se esvai na espuma da mais tola presunção moralista.

E para ver filmes violentos que se tome «Shining» (Stanley Kubrik, 1980), «Salò ou os 120 dias de Sodoma» (Pier Paolo Pasolini, 1975), «Vem e Vê» (Elem Klimov, 1985). Todos eles actos estéticos irrepreensíveis.
(Ainda não percebi por que continuo a ir ver os filmes de Lars von Trier!)

jef, janeiro 2019
                                                                      
«The House That Jack Built - A Casa de Jack» de Lars von Trier. Com Matt Dillon, Bruno Ganz, Uma Thurman, Riley Keough, Jeremy Davies, Jack McKenzie, Siobhan Fallon Hogan, Sofie Gråbøl. Música: Víctor Reyes. Fotografia: Manuel Alberto Claro. EUA, 2018, Cores, 155 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário