quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Sobre o filme «Nunca Deixes de Olhar» de Florian Henckel von Donnersmarck, 2018















Não seriam precisas três horas para contar uma história (em jeito Reader’s Digest) enraizada no mais horrível tempo de uma Europa a apodrecer com o plano nazi de esterilização e erradicação da população ‘menor’. Aqui temos de tudo, desde a arte degenerada, às câmaras de gás (já estaríamos então nos anos da ‘solução final’?), ao realismo socialista, à fuga (extraordinariamente rápida e eficaz) para o Ocidente, aos maneirinhos de melodrama novelesco da televisão velha (pois é na televisão de agora que se vê o melhor cinema), até que o jovem e dotado pintor Kurt Barnert (Tom Schilling) chega ao seio da avant-garde Academia de Arte em Düsseldorf do professor Antonius van Verten / Stefan Bauer (Oliver Masucci) e vence estrondosamente com o seu pre-hiper-realismo-fotográfico ao lado da sua paixão, a bela Elizabeth (Paula Beer), e do seu filhinho. Tudo ao som da música de Max Richter que nos coloca entre um Phillip Glass ‘envergonhado’ e um Vangelis ‘new age’. Vá lá ouvimos de raspão Klaus Nomi e Silvie Vartan…

Posso não ter gostado do filme mas a memória destes tempos vale sempre a recapitulação, repetição. Jamais o esquecimento.

jef, janeiro 2019
                                                                      
«Nunca Deixes de Olhar» (Werk ohne Autor) de Florian Henckel von Donnersmarck. Com Tom Schilling, Sebastian Koch, Paula Beer, Saskia Rosendahl e Oliver Masucci, Hanno Koffler, Jonas Dassler, David Dassler, David Schüffer, Ina Weisse, Jörg Schüttaf. Música: Max Richter. Itália / Alemanha, 2018, Cores, 188 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário