Uma
ode ao cinema americano e à comédia dramática feitos pela estrada fora. Contém tanto
de alegria e comovente inocência como de mordaz sátira política a uma América
que (ainda hoje) deixa à flor da pele os ossos e o sangue de uma população que anda
ao deus dará, martirizada, abandonada, sobrevivendo entre a espada da crença piedosa e a parede da manhosa extorsão.
Moses
Pray (Ryan O’Neal) vende bíblias de luxo a recém-viúvas, dizendo que os
defuntos as teriam acabado de encomendar, imprimindo-lhes à última hora os
nomes das chorosas mulheres. Passando ele pelo funeral de uma antiga amante,
vê-se a cargo com uma criança sem família próxima com a qual todos evidenciam as parecenças.
Sobretudo o queixo. Moses deve levá-la sã e salva até uma longínqua tia. Ela é Addie
Loggins (Tatum O’Neal) e rapidamente exige ser Addie Pray. Exige ainda 200
dólares de um negócio obscuro feito em seu nome. Sem mais, Addie demonstra sensibilidade
e eficácia extremas para os negócios ambulantes de Moses.
Uma
espécie de súmula profética da humanidade sob o encantador olhar
fotográfico László Kovács. Entre Roosevelt, a Grande Depressão e a Lei Seca. Entre o
Kansas e o Missouri. Entre «Bonnie e Clyde» (Arthur Penn, 1967) e «O Garoto de
Charlot» (Charles Chaplin, 1921.
Um
filme puro e inesquecível.
jef,
fevereiro 2022
«Lua
de Papel» (Paper Moon) de Peter Bogdanovich. Com Ryan O’Neal, Tatum O’Neal,
Madeline Kahn, John Hillerman, P.J.
Johnson, Jessie Lee Fulton, James N. Harrell, Lila Waters, Noble Willingham, Bob
Young, Jack Saunders, Jody
Wilbur.
Argumento: Alvin Sargent com base no romance Joe David Brown «Addie Pray». Produção:
Peter Bogdanovich, Francis Ford Coppola, William Friedkin, Frank Marshall.
Fotografia: László Kovács. Guarda-roupa: Polly Platt. EUA, 1973, P /B, 102 min.
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