Este
espectáculo tem um cariz excepcionalmente nostálgico. Mas essa nostalgia
agudiza-se, torna-se mais profunda, porque tudo nele é contemporâneo. Pode
estar a ser vivido nos dias de hoje. É vivido nos dias de hoje. De certo modo,
uma nostalgia futurista.
Felizmente,
a SIDA / VIH tornou-se uma doença crónica e o AZT agora está integrado num
complexo químico que salva vidas. Mas nos anos 90 do século passado não era
assim…
…
Porém, a pobreza, o frio e a fome na grande cidade de Nova Iorque, também a
exclusão, a discriminação, a toxicodependência, a gentrificação da cidade, e a
crise da habitação, permanecem e agudizam-se, tornam-se universais!
Por
outro lado e como contraponto ultra-romântico, não esqueçamos que o libreto tem
por pano de fundo a ópera “La Bohème” de Puccini. A amizade, apesar de todas as
dificuldades, de toda a juventude, é o princípio e a força emocional e espiritual
que glorifica o amor como modo para tornar infalível a resistência e manter a
esperança focada no futuro.
É
inevitável não nos comovermos pela longevidade e universalidade de uma peça
cujo autor, Jonathan Larson, faleceu na véspera da estreia absoluta na
Broadway.
Por
influência de um amigo muito atento, em tempo assisti à gravação da derradeira
e emocional representação de «Rent», a 7 de setembro de 2008, no Nederlander
Theatre em Nova Iorque, e posso assegurar que a versão portuguesa não desmerece
daquela actuação: a agilidade dos diversos planos cenográficos num palco restrito em que decorrem
as histórias em simultâneo, a velocidade narrativa com que a acção e as canções
se cruzam, e a qualidade musical e a entrega interpretativa de actores-cantores.
Que
viva “La Vie Bohème”!
13
de abril de 2025
«Rent».
Música e Letras: Jonathan Larson. Com Bruno Huca (Tom Collns), Carlos Martins
(Gordon), Dennis Correia (Angel), Diogo Leite (Roger Davis), Gonçalo Martins
(The Man), Inês Ramos (Mrs. Márquez), Margarida Martins (Alexi Darling), Marta
Lys (Joanne Jefferson), Marta Mota (Mrs. Cohen), Nuno Martins (Mark Cohen),
Pedro Fontes (Benny), Pedro Paz (Mr. Grey), Rafaela Monteiro (Maureen Johnson),
Sara Claro (Mrs. Davis), Sissi Martins Mimi Márquez). Músicos: Pedro Alvadia,
Diogo Soares, David Campos, André Soares. Encenação original e consultor artístico:
Michael Greif. Encenação: Sissi Martins. Direcção Musical: Pedro Alvadia. Adaptação
portuguesa: MTL. Cenografia e Figurinos: Pedro Morim. Desenho de luz: João
Fontes. Desenho de som: Daniel Fernandes. Direção Cena: Sílvia Moura. Produção:
Martim Galamba / Bruno Galvão / produção Musical Theater Lisbon (MTL) em acordo
com Music Theatre International. Duração: 135 min.. Teatro
Variedades.
De 26 de março a 27 de abril no Teatro
Variedades.
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