segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Sobre o disco «Holly» de Holly Cole, Tradition & Moderne 2018
















Não me lembro de Holly Cole ter editado um disco com uma capa tão má, foleira mesmo, um título tão pífio, um digipack tão pobrezinho, sem direito a livrinho com letras e pormenores. Talvez seja melhor assim, pois não seria de esperar um booklet muito melhor. Talvez um disco a cumprir alguma estratégia editorial, suspeito eu.

Contudo, o que interessa é a música que está lá dentro impressa. E para o fã número um do ‘Holly Cole Fã Club’ que sou eu, fico muito entusiasmo com as novas 11 canções, pois Holly Cole permanece fiel aos seus longínquos e maravilhosos «Blame It on My Youth» (1992) ou «Temptation» (1995), dedicado este último a transfigurar as canções de Tom Waits.

Ou seja, a canadiana Holly Cole, ao fim de tantos anos, continua a tocar com os seus eternos amigos David Piltch (contrabaixo) e Aaron Davis (piano) para nos dar uma versão muito suave e respeitosa, acarinhada pela sua voz, cada vez mais terna e grave, de «Everybody Loves Somebody Sometime», «Ain’t That A Kick In The Head» ou «Your Mind Is On Vacation». Assim se juntam também Davide DiRenzo e Justin Faulkner (percussão) ou John Johnson (flauta).

Em «I Was Doing All Right» e «I Could Write a Book» aparece em dueto com o trombonista Wycliffe Gordon que tanto lembra os idos do grande Louis Armstrong.

Sem esquecer esse delicioso tom de fora de moda do órgão Hammond (Lary Goddings) em «Teach Me Tonight» ou no final «Lazy Afternoon».

Sim, pode a capa ser muito feia. Sim, pode cumprir calendário de edição, porém, fico contente por reconhecer a voz rouca, por vezes de pronúncia ciciada tão característica mas onde se ouve, palavra por palavra, um jazz maravilhoso, único, dengoso, quase libidinoso, a que poderíamos chamar «hollystico».

Que me importam as capas!

jef, agosto 2019

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