Como
a Bíblia, Hamlet de William Shakespeare é um livro infinito. Como com a Bíblia,
já se fizeram musicais e também podemos lê-lo de trás para a frente.
Aqui, é-nos oferecida a história do anti-herói e príncipe Hamlet, Senhor de Elsinore
e das vinganças, da viagem a Inglaterra e do rancor, do pai morto, das tantas
mortes, da Ofélia vogando no mar de lágrimas, das recordações trazidas em
flash-back (ou analepse) e da memória ressabiada, reconstruída ou repisada, a
memória consabida da morte. Ou seja o fim da memória.
Mas
essa história é-nos dada agora através de um musical desconexo onde as
personagens se travestem e dançam, e ainda cantam e também morrem (ou fingem
morrer). Vá lá!
Não
interessa a ordem, aqui revisita-se esta morte que já foi revisitada em «Coveiros»
de Jacinto Lucas Pires (2022). Horácio vai tentar mesmo contar a história de
trás para a frente. E nós tentamos ir atrás dele, mas ele baralha-se.
Ficamos
ainda a saber pronunciar Rosencrantz, Guildenstern e Fortinbras!
Aguardemos
então o tal Hamlet, o completo. O definitivamente morto, revisitado e adorado. Hamlet,
o eterno.
(Ainda
bem recordo da tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen para a encenação
de Luis Miguel Cintra e o cenário e os figurinos Cristina Reis, no Teatro da
Cornucópia, em 2015. Fui buscar a tradução de António M. Feijó, Cotovia,
2001)
jef,
janeiro 2024
«Hamlet,
o Musical». Encenação: Marcos Barbosa. Dramaturgia: Jacinto Lucas Pires.
Criação Musical: Silas Ferreira. Cenografia e Figurinos: Arial Fiske de Gouveia.
Desenho de luz: Carlos Ribeiro. Interpretação: Pedro Fontes, Silas Ferreira e
Marcos Barbosa. Produção: Escola do Largo / Admirável Reino.
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