sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Sobre a peça «Hamlet, o Musical» de Jacinto Lucas Pires, 2023


 























Como a Bíblia, Hamlet de William Shakespeare é um livro infinito. Como com a Bíblia, já se fizeram musicais e também podemos lê-lo de trás para a frente.

Aqui, é-nos oferecida a história do anti-herói e príncipe Hamlet, Senhor de Elsinore e das vinganças, da viagem a Inglaterra e do rancor, do pai morto, das tantas mortes, da Ofélia vogando no mar de lágrimas, das recordações trazidas em flash-back (ou analepse) e da memória ressabiada, reconstruída ou repisada, a memória consabida da morte. Ou seja o fim da memória.

Mas essa história é-nos dada agora através de um musical desconexo onde as personagens se travestem e dançam, e ainda cantam e também morrem (ou fingem morrer). Vá lá!

Não interessa a ordem, aqui revisita-se esta morte que já foi revisitada em «Coveiros» de Jacinto Lucas Pires (2022). Horácio vai tentar mesmo contar a história de trás para a frente. E nós tentamos ir atrás dele, mas ele baralha-se.

Ficamos ainda a saber pronunciar Rosencrantz, Guildenstern e Fortinbras!

Aguardemos então o tal Hamlet, o completo. O definitivamente morto, revisitado e adorado. Hamlet, o eterno.


(Ainda bem recordo da tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen para a encenação de Luis Miguel Cintra e o cenário e os figurinos Cristina Reis, no Teatro da Cornucópia, em 2015. Fui buscar a tradução de António M. Feijó, Cotovia, 2001)


jef, janeiro 2024

«Hamlet, o Musical». Encenação: Marcos Barbosa. Dramaturgia: Jacinto Lucas Pires. Criação Musical: Silas Ferreira. Cenografia e Figurinos: Arial Fiske de Gouveia. Desenho de luz: Carlos Ribeiro. Interpretação: Pedro Fontes, Silas Ferreira e Marcos Barbosa. Produção: Escola do Largo / Admirável Reino.

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