Bird
on a wire.
É a imagem, digamos, a ideia
que tenho de Leonard Cohen. Simultaneamente, frágil e perene, constante mas instável.
Sempre o ouvi. Nem sempre o
compreendi. «Songs from a Room» (1969) e «Songs of Love and Hate» (1971).
Ele persegue-me, e eu sigo-o, como acontece com Tom Waits,
David Byrne ou Beck. Como nos livros, as carreiras longas de certos músicos confortam-me.
Depois veio «I’m Your Man» (1988) e «The Future» (1992) e a
pop sintetizada e de fundo de boîte, cheiro a fumo, pares a dançar desleixados
de sono. A bola de espelhos em roda lenta. Reapaixonei-me.
Depois Leonard Cohen chega aos oitenta anos. «Old
Ideas» (2012) e «Popular Problems» (2014). As canções de amor e de ódio mantêm-se, a pop, os violinos,
os coros, permanecem e transformam os problemas populares e as velhas ideias em
canções de embalar, em valsas de judeu errante, em cantigas de charme fora de
moda. Boas lamechices.
Em 2016, surge «You Want it Darker». As coisas não mudam de
figura.
Talvez Leonard Cohen não mereça o prémio Nobel mas o Famous Blue Raincoat ainda faz de
corta-vento. E eu gosto.
«I'm leaving the table / I'm
out of the game / I don't know the people /
In your picture frame / If I
ever loved you or no, no / It's a crying shame if I ever loved you / If I knew
your name.
You don't need a lawyer / I'm
not making a claim / You don't need to surrender / I'm not taking aim / I don't
need a lover, no, no / The wretched beast is tame.
I don't need a lover / So blow
out the flame.
There's nobody missing / There
is no reward / Little by little / We're cutting the cord / We're spending the
treasure, oh, no, no / That love cannot afford
I know you can feel it /The
sweetness restored.
I don't need a reason / For
what I became / I've got these excuses / They're tired and lame / I don't need
a pardon, no, no, no, no, no / There's no one left to blame.
I'm leaving the table / I'm
out of the game.»
jef, outubro 2016
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