terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sobre o filme «Boi Neon» de Gabriel Mascaro, 2015


















O improvável não é o impossível. E a realidade nem sempre é plausível.
A narrativa tem truques, logo o cinema é o universo da astúcia.
Experimente-se olhar para o filme como Metáfora, Elegia, Apologia, Fábula ou Parábola.
A Bíblia está cheia delas, muitas inverosímeis. Talvez o facto a transforme num objecto tão especial.
«Boi Neon» parece saído de um conto bíblico onde todos os passos se conjugam para nos levar a uma síntese moral: «A Resistência pela Felicidade».
E se o espectador notar incoerências, estranheza, perplexidades, das duas uma: ou não gosta de ouvir e ver histórias bem contadas ou esbarra em algum preconceito.
Estrategicamente, este filme sobre pessoas felizes é colocado num cenário que pode ser julgado «infeliz». O ambiente será «sujo» mas a fotografia é ímpar e límpida, a ser contemplada fotograma a fotograma. A vasta paisagem da floresta brasileira é interrompida por ilhas de tecnologia inoxidável. A «noite americana» é revestida de néons e dejectos de bovinos. O olhar triste dos animais é captado pela alegria colorida das cuecas fio-dental... Uma estratégia estética de arriscado equilíbrio, mas equilibrada.
Um filme que pode ser tomado por absurdo. Mas atenção, a realidade está a transbordar de absurdos e nem sempre tão bonitos como «Boi Neon». O final feliz é de uma beleza improvável mas felizmente possível.
Como gostamos nós de ouvir histórias incríveis, e belas.
E, já agora, é mesmo necessário resistir para ser-se feliz!

jef, outubro 2016

«Boi Néon» de Gabriel Mascaro. Com Juliano Cazarré, Maeve Jinkings, Josinaldo Alves, Vinicius de Oliveira, Samya De Lavor, Alyne Santana. Brasil / Espanha / Holanda / Uruguai, 2015, Cores, 101 min.

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