terça-feira, 11 de outubro de 2016

Sobre o livro «O Torcicologologista, Excelência» de Gonçalo M. Tavares, Caminho 2015.

A escrita de Gonçalo M. Tavares organiza as ideias. É sabido.
Dá corpo a essas ideias. Lembra que vêm de algum lugar, de algum tempo. E que o corpo, o nosso, também não nos chegou por geração espontânea ou criação. Mas que não resiste sem criatividade. A ela deve ele o futuro.
A ideia e o corpo não estão sós no mundo.
Aliás, como nós [corpo / ideia] também não estamos sós do mundo, por mais que, por vezes, isso nos estranhe.
Há sempre um antes, um depois, um acima, um abaixo, um melhor, um pior, um maior, um menor…
A organização do corpo das ideias segundo o autor demonstra que ela se procede através de catalogação, silogismos, interpretação de sinais, resolução da linguagem. A do interior de cada um de nós e aquela que serve para dialogar com os outros. 
O diálogo em Gonçalo M. Tavares é essencial. Revela que existe múltiplas organizações. Enfim, um sistema múltiplo e democrático.

O Caderno 36 da sua Biblioteca é composto por dois textos dirigidos para o teatro, logo ao diálogo. É um veículo da compreensão (entendimento + integração) e contém dois capítulos: 1. Diálogos; 2. Cidade. Este último, com 19 páginas, dedicado à gestão urbana do silêncio. O diálogo com sinal negativo.

O primeiro, o corpo maior do livro, respeita o discurso partilhado entre duas corteses, delicadas, cerimoniosas, Excelências. Em palco, em confronto de palavras, em movimento constante. Com didascálias e tudo o resto.

Nunca o discurso do autor assumiu um ponto tão alto de humor. Um humor brilhantíssimo! Um humor excelentíssimo!

«O Torcicologologista, Excelência» é um livro bonito, divertido, sensato e absurdo, infantil e adulto! Apetece lê-lo em voz alta, para os outros. Lê-lo ao serão. 

E que família (em corpo e ideia) se prepare!

jef, outubro 2016

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