O que me terá irritado neste filme?
Não foi a banda sonora do grande Danny Elfman com
um tema surpreendente a cativar o espectador e a deixá-lo preso à cadeira
até ao final do genérico.
Também não terá sido o esforço considerável de Emily Blunt
para dar corpo a uma invariável personagem retratada como a vítima invariável à
beira do sacrifício.
Não será a fotografia limpa e luminosa sem rasto de mácula ou
penumbra (Charlotte Bruus), fazendo da imagem olhada do caminho-de-ferro que
vai até Nova Iorque pela costa, um eterno souvenir mas sem neve artificial
a cair.
Não será propriamente a intriga policial onde tudo, já o
sabíamos, se vai encaixando na perfeição, como naqueles romances enormes (Paula
Hawkins), contemporâneos, todos-iguais-uns-aos-outros, que são arrastados pelos
bancos dos comboios. Comboios que não chegam a Nova Iorque.
Com certeza que não terão sido os belíssimos rostos das actrizes
que concedem alguns trechos de boa representação: Emily Blunt (Rachel) – Haley
Bennett (Megan) – Rebecca Ferguson (Anna).
Talvez seja sim a comiseração piedosa, quase maçónica pelo feminino,
fazendo do género uma causa pelo inelutável e da mulher uma coisa alienígena, fora
do mundo real e da boa ficção.
jef, outubro 2016
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