segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sobre o filme «A Rapariga no Comboio» de Tate Taylor, 2016


















O que me terá irritado neste filme?

Não foi a banda sonora do grande Danny Elfman com um tema surpreendente a cativar o espectador e a deixá-lo preso à cadeira até ao final do genérico.
Também não terá sido o esforço considerável de Emily Blunt para dar corpo a uma invariável personagem retratada como a vítima invariável à beira do sacrifício.
Não será a fotografia limpa e luminosa sem rasto de mácula ou penumbra (Charlotte Bruus), fazendo da imagem olhada do caminho-de-ferro que vai até Nova Iorque pela costa, um eterno souvenir mas sem neve artificial a cair.
Não será propriamente a intriga policial onde tudo, já o sabíamos, se vai encaixando na perfeição, como naqueles romances enormes (Paula Hawkins), contemporâneos, todos-iguais-uns-aos-outros, que são arrastados pelos bancos dos comboios. Comboios que não chegam a Nova Iorque.

Com certeza que não terão sido os belíssimos rostos das actrizes que concedem alguns trechos de boa representação: Emily Blunt (Rachel) – Haley Bennett (Megan) – Rebecca Ferguson (Anna).

Talvez seja sim a comiseração piedosa, quase maçónica pelo feminino, fazendo do género uma causa pelo inelutável e da mulher uma coisa alienígena, fora do mundo real e da boa ficção.

jef, outubro 2016

«A Rapariga no Comboio» (The Girl on the Train) de Tate Taylor. Com Emily Blunt, Haley Bennett, Rebecca Ferguson, Luke Evans, Justin Theroux, Edgar Ramírez. EUA, 2016, Cores, 105 min.

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