quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Teorias













Há sempre uma teoria para tudo
Se não encontram uma teoria
Atirem-lhe uma pedra
Façam-se fortes
Digam que vem do coração
Da razão
Que a razão é causa forte
Como a pedra atirada sem atrito
Pelo ar, no vidro, até ao sangue
Que a palavra é coisa fraca
Cheia de teorias
Afogada no poema
Mal dirigida, maltratada
Sem direito a defesa
O tribunal de férias
A polícia a banhos
O pessoal distraído com as ondas da Nazaré
Caso não arranjem teoria, coração, razão
Acaso, maré
Se nem uma palavra descobrem
No campo deserto
Na areia submissa ao mar
Vá de agarrar na pedra
Que seja a primeira
Para acertar no alvo
Não esse! O outro!
Azelha! Esse é o surfista!
Bem no centro daquele que submerge o olhar
A experiência, a solução
Normalmente,
O outro, de pé, no campo deserto das pedras
Acaba morto
Assim
Deitado na poeira
Caído redondo como o chão
A pedra e o pó desaparecidos
A palavra que se enterre ou se deixe insepulta
Tanto faz
O diabo que a carregue
O vento que a leve mais o poema
Já não faz falta.
Assim como as suas teorias
Todas as teorias

jef, janeiro 2017

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