terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Sobre o filme «Uma História de Amor» de Spike Jonze, 2013


















Amor em valor absoluto. Solidão e transparência.
Há muito que não se via um filme de «ficção científica» tão claro nos propósitos teóricos, tão definido na estratégia da imagem, na escolha dos edifícios, das cores, na gestão dos espaços interiores e exteriores, na concepção do guarda-roupa, das canções. Uma espécie nova de «comédia romântica» a ser contemplada através de dois aspectos fundamentais: a solidão e a transparência. A solidão dos olhares de Theodore (Joaquin Phoenix) e Amy (Amy Adams) face à transparência da voz de Samantha (Scarlett Johansson). A solidão de um futuro onde as missivas de amor permanecem escritas por eruditos encartados, a transparência de uma arquitectura onde a vida e os corpos dos cidadãos não são expostos mas acarinhados na eterna busca de uma definição interior de amor. Mas é na definição, pública e única, que o cinema tem oferecido do amor que o título traduzido excede em significado o original. Esta história de amor não é virtual, é real, muito real, por isso também pode ser vista como «tragédia» sobre a solidão e a transparência do dia-a-dia futuro. A transparência do poder de um argumento sustentado por diálogos em solidão perfeita.

jef, fevereiro de 2014

«Uma História de Amor» (Her) de Spike Jonze. Com Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Chris Pratt, Rooney Mara, Kristen Wiig. EUA, 2013, cores, 126 min.

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