Sobre o dia 7 de Janeiro de 2015. Sobre o livro «‘Para já para já’, seguido de posfácio ‘Contumácia’» de Vitor Silva Tavares, agora, na edição Dois Dias, 2012. Antes, em edição do grande, Jornal do Fundão, 1972.
Ler livros que não são livros. Ler
escritores que são editores. Ler capas que vão já no miolo. Ler livros que me
oferecem no Natal! Viva!
«Senhor compositor: faça o favor de
compor Senhor leitor: escrever é
trampolinice, maluquice, crassa burrice que chatice, um tipo deixa de cirandar
pela rua por aí, deixa de beber cervejolas com amigos e tremoços, deixa de se
preocupar com o fim do mês, deixa de ler o jornal sentado na retrete, deixa de
namorar a tal do gostinho especial, deixa de viajar bilhete de quinze de
autocarro, deixa de bater a soneca dos justos, deixa de ver televisão que a RTP
nos dá hoje senhores, deixa de rezingar no café contra a bandalheira geral não
desfazendo, deixa de comer o rabo do pargo, deixa de ser cidadão normal o que
lhe permitem, atleta no arame da vidinha e, bic firme entre o polegar, o
indicador e o médio, SG Filtro fumegando, põe-se a macular a inocência estática
do papel, a desenhar sinais, a vomitar palavras, estas.» (capa – pp. 1-2)
E por falar em Charlie e no dia 7 de
Janeiro de 2015, também eu o sou e recordo a forma das palavras, o corpo das
ideias, o amor sobre o estupor. Para aqueles que se divertem em jogo real a
degolar jornalistas, assassinar artistas, a executar o humor: Viva o Charlie
Hebdo, o Jornal do Fundão, a & etc., a Apenas Livros Livros, a By the
Book, edições especiais, lda., e todos os que pratica(ra)m a resistência
privada, a consciência pública, a amizade global. Viva!
Viva o Vitor Silva Tavares
(17-07-1937 / 21-09-2015)!
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