«Não brinques com a
felicidade», parece dizer Woody Allen, entre silêncios, no final do filme.
«Blue Jasmine» fala sozinha, quer viaje de Nova Iorque para São Francisco, quer
se sente num banco de jardim ouvindo cair o pano sobre a tragédia. Não há volta
a dar, este filme pertence à escola do grande melodrama americano (Douglas Sirk
e Jane Wyman; Tennessee Williams, Richard Brooks, Paul Newman e Elizabeth
Taylor; Nicholas Ray e James Dean, Elia Kazan e Natalie Wood). O ser e o Mundo:
que fazer? Toda a narrativa corre a dois tempos para chegar a uma conclusão
aguardada. São Francisco, apesar da baía, da água e da ponte, reduz-se a um
ponto claustrofóbico. As canções, maravilhosas, sobram sobre a ansiedade. O
humor (e como ele é importante!) apenas escarafuncha a ferida infecta. O
guarda-roupa, peça incontornável nos filmes do realizador, espicaça os laivos
de caricatura das personagens. Tudo concorre para o desfecho que o nosso
coração tristemente já suspeita. E assim se conclui o drama – o reino é
entregue a Cate Blanchett para que sofra por «Blue Jasmine» e também por nós.
jef, setembro 2013 / novembro 2016
«Blue Jasmine» de Woody Allen. Com Cate Blanchett, Alec Baldwin, Peter
Sarsgaard, Sally Hawkins, Bobby Cannavale, Andrew Dice Clay, Michael Stuhlbarg,
Louis C.K. Sally Hawkins. EUA, 2013,
Cores, 98 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário