quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Sobre o filme «Magia ao Luar» de Woody Allen, 2014





















América mágica.
Quando eu começo a diabolizar a América de modo desesperado, por uma razão ou por outra, convoco a minha América, de modo emocionado. Penso em «Se Fosse Fácil Era para os Outros» de Rui Cardoso Martins, penso em Ry Cooder ou Tom Waits, em John Ford ou Howard Hawks. Penso na hora e meia de cinema que, anualmente, Woody Allen me oferece. Esta América é pura, é mágica, é muito real. De Woody Allen recordo «Blue Jasmine» (2013); «Match Point» (2005); «Poderosa Afrodite» (1995); «A Rosa Púrpura do Cairo» (1985); «Manhattan» (1979); «O ABC do Amor» (1972) ou «Inimigo Público» (1969). Agora posso lembrar «Magia ao Luar», com um argumento feito à medida de um prestidigitador atafulhado de fleuma aborrecida, onde Colin Firth (canastrão cumpridor da tradição hollywoodesca de Kirk Douglas, Robert Mitchum ou Victor Mature) consegue uma interpretação que lhe ficará na memória. Também guardarei um elefante em palco, a canção berlinense de Ute Lemper, o modo como Dickens e Nietzsche se debatem entre o espírito da Razão ou a razão de um certo Espírito. Ficar-me-á presente a magia de um sorriso real contra a fraude de um truque de magia. Afinal, o amor e a razão estarão mesmo condenados a contradizer-se? Valerá a pena acreditar ainda na alta comédia romântica de Woody Allen? Se disso restar dúvida, reveja-se a cena e o diálogo entre o sobrinho (Colin Firth) dividido entre certezas e a tia (Eileen Atkins) que faz uma paciência de cartas e vai contornando, entre negativas, as dúvidas emocionais do sobrinho. Um exercício de sobriedade e alegria.
Esta é a América de Woody Allen (que também é minha).
Uma América mágica e inatacável!
jef, agosto 2014 / novembro 2016


«Magia ao Luar» (Magic in the Moonlight) de Woody Allen. Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Erica Leerhsen, Hamish Linklater, Jacki Weaver, Marcia Gay Harden, Erica Leerhsen, Simon McBurney. EUA, 2014, Cores, 97 min.

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