quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sobre o filme «Ela» de Paul Verhoeven, 2016














«A Força do Sexo Fraco», como diria Ingmar Bergman no filme de 1964
ou «Belle de Jour», como diria Luis Buñuel no filme de 1967. Bergman e Buñuel privilegiavam o humor como modo principal do teatro.

Este é um filme que Isabelle Huppert oferece ao realizador Paul Verhoeven e ao escritor Philippe Djian (o de «Betty Blue», realizado por Jean-Jacques Beineix em 1986).

Michèle Leblanc é a personagem exacta para colocar Isabelle Huppert no centro do palco e provocar uma hecatombe moral centrada numa sociedade hiperactiva e em pré-demência. Não podemos esquecer «A Pianista» (2001) e «O Tempo do Lobo» (2003) que a actriz “realizou” para Michael Haneke. Isabelle Huppert gosta de interpretar mulheres que interpretam a vida. Por vezes com sangue e suor, algum esperma, mas com poucas lágrimas.

Será que Michèle Leblanc é vítima ou culpada ao referir ao vizinho, en passant, após uma consoada com scrabble, o salvamento misericordioso de um hamster durante a noite da tragédia?

Tudo aqui está reunido. (E tudo por dizer.) Uma família funcional. Uma vizinhança acolhedora. Um filho atinado. Uma empresa de futuro com empregados motivados. Um gato impávido. Um Natal perfeito. Entre o suplício e o desejo. Por fim, que tal um possível happy-end «fracturante», como hoje os políticos diriam?

Sem querer excitar as papilas da controvérsia e da crítica, «Ela» é uma das grandes comédias negras destes últimos anos.

jef, novembro 2016

«Ela» (Elle) de Paul Verhoeven. Com Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny, Alice Isaaz, Charles Berling, Virginie Efira. Sobre o romance “Oh…” de Philippe Djian. Alemanha / França, 2016, Cores, 130 min.

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