terça-feira, 28 de julho de 2015

Compasso diário










Há dias em que nada pode acontecer.
Há dias em que nada acontece.
Nesses dias, tudo acontece.
A manteiga escorrega na torrada.
A flor tomba venerando a jarra.
O Sol faz o seu percurso, incólume.
A janela fica aberta sobre a avenida.
O automóvel agradece a estrada que o leva à praia.
O sorriso prende-se sem se fazer notado.
O mar está.
A areia cobre o cotovelo que escapou da toalha.
O mundo completa-se na água salgada.
A palavra perde-se na sonolência.
A tarde quase suspeita a noite.
A noite quase suspeita o sossego de um leve suspiro.

O leve suspiro é quase tudo
ermo tal, minúsculo e infindo…

Aí, a noite suspeita o que pode acontecer.
O dia seguinte.
Nesse dia, o seguinte, tudo poderá não acontecer.

jef,  28 de Julho de 2015

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