Um filme delicadamente simples sobre a explicação da fé como procura
incessante. Nesse aspecto, um filme extremamente poético que deve ser visto com
tempo e com silêncio.
Deus
está presente, um Deus católico quase animista pela sua presença quase palpável.
Lembrou-me
«Ao Correr do Tempo» de Wim Wenders (1976). Só que ali o tempo decorre ao longo
de uma fronteira intransponível, neste, o tempo está dentro de Thien (Le Phong
Vu) que deve regressar de Saigão à terra natal acarinhando o sobrinho órfão Dao
(Nguyen Thinh), cumprindo o rito religioso da morte e a procura de um irmão desaparecido,
cuja fuga (ou sonho) se confunde com a dele próprio. A chegada coincide com o
ponto de partida. E esta última parece ser a natureza chuvosa e lamacenta de um
Vietnam devoto e, agora, pacífico mas onde os galos ainda cantam para que os outros
machos se aproximem e o combate se inicie entre a folhagem tropical.
Um
belo filme (início de carreira), inteligente e pausado, tão carinhoso quanto sensível
e observador.
jef,
janeiro 2024
«No
Interior do Casulo Amarelo» (Ben trong vo ken vang) de Thien An Pham. Com Le
Phong Vu, Nguyen Thinh, Nguyen Thi Truc Quynh, Vu Ngoc Manh Nguyen Van Lu'u, Phi
Dieu, Manh Cuong Tran, Phan Ti My Duyen, Vu Trong Tuyen, Nguyen Han, Ngo Thuy
Tien, Ba Vo, Chau Thien Kim, Nguyen Thi Hoai Dung, Anh Nguyen, Do Thien Hoang. Argumento:
Thien An Pham. Produção: Tran
Van Thi, Jeremy Chua. Fotografia: Dinh Duy Hung. Vietname / Singapura / França
/ Espanha, 2023, Cores, 178 min.