Mar chão ou a oportunidade perdida.
Este é um filme que tinha tudo para dar certo.
(Um filme que eu gostava que desse certo.)
As longas cenas sobre a natureza das ilhas japonesas Amami.
Os recifes de coral e os peixes, os mangais e os caranguejos, os trópicos,
sobretudo a intranquilidade do mar em torno dos tufões ou a bonança das nuvens
num céu amplo. O sacrifício sagrado do anho e a dança da morte. As belíssimas
cenas entre Kioko (Jun Yoshinaga) e os seus pais. A questão (eterna) do medo
do mar significar o medo da morte (ou o medo da vida).
Porém, Naomi Kawase encanta-se pelo ímpeto da natureza sem tocar
no travão de mão, na tesoura, e a história afunda-se, alonga-se quase em prece
até um final, cujas pontas devem, a todo o custo, conjugar-se para serem felizes.
Perde-se o equilíbrio cinematográfico entre o humano e o natural. Retira-se (um
pouco) a emoção ao espectador.
E se Naomi Kawase passasse pelo Nimas, em Lisboa, e estudasse
um dos mestres da acção rápida, da emoção lenta e da montagem, que dá pelo nome de Roberto Rossellini?
(Sim, quero ser parcial... Rossellini é um génio!)
jef, abril 2015