Segunda
metade do século XIX. Na Suécia, no vale de Vindelälven, a povoação de
Kullmyrliden sofre um extraordinário deslizamento de terras. Com ele desaparece
a pequena família de Johan Johansson mas também o seu algoz, o soberbo, déspota
e violador comerciante Karl Orsa, filho do burguês especulador Ol Karlsa, um
certo camponês que se tornara almocreve e acabou por arrebanhar as terras ao
avô de Johan.
Tudo
segundo a boa palavra de Deus.
Johan
agora está à beira do precipício que Deus lhe criou a seus pés. E pergunta-lhe,
ou melhor, dialoga com ele. Johan, que conhece toda a história dos inocentes e usurpados,
vai-lha contar.
Deus
permanecerá em silêncio.
É
assim a história que o leitor seguirá com a avidez com que escutaria uma
parábola bíblica sobre a ofensa aos oprimidos. Ouvindo o órgão tocado pela mãe
de Johan e o violino tocado pela irmã Eva.
Deus permanecerá em silêncio.
“Desconhecido
é o caminho da serpente sobre a pedra. Incompreensível o do homem até à mulher.”
Conta, ainda, debruçado sobre o grande poço negro.
Torgny
Lindgren cria um fabuloso (de fábula, mesmo!) hino neo-realista, muito puro,
muito simples, muito belo, sobre o sofrimento dos povos do Norte e a sua
resistência. Imaginativos povos nascidos da lonjura, da pobreza e da neve.
jef,
junho 2021