A Mãe, mãe de todos os lutos.
Tarkovksy parece ter uma obsessão. Melhor, um olhar político e
sistemático de analisar a dor, de a mostrar invariavelmente a outros, de a
sublimar e, ao mesmo tempo, expor ao público de modo estético. Ou seja, de modo
ético.
A mãe Rússia. A mãe Guerra. A mãe uterina. A mãe espiritual e
santa. A mãe que expulsa e se eleva do plano terreno a um estatuto de
sofredora, fazendo sofrer em simultâneo. A que é abandonada. A mãe que morre e,
finalmente, abandona sem apelo nem agravo, deixando-o perdido no meio da terra,
Terra!
Qualquer coisa de muito puro e simples. Qualquer coisa entre
o frio da água e o fogo. Tão doloroso e insubstituível como o nascimento que
faz a mulher perder, em definitivo, o estatuto protegido de filha para a tornar
naquilo que ainda não sabe o que é mas a deixa sem Mãe.
Esse Édipo por reflexo.
Esse espelho.
jef, fevereiro 2016
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