terça-feira, 3 de março de 2015

No Reino dos Macambúzios










Eu sou o Rei dos Macacos!
Há pouco os dados foram lançados.
Os peões no tabuleiro,
o açúcar no açucareiro,
o sortido fino e as burguesas,
o risinho delas e o chá das cinco.
Fazem alegres o piquenique,
a toalha no relvado,
entre brancos e pretos,
fogem os macacos dos quadrados.

Eu sou o Rei dos Malacuecos!
Entre lianas e avencas,
ilhas menos desertas, canibais,
eu dirijo o bicho-carpinteiro.
Traz consigo o bicho-matreiro,
bicho-malino que faz de bicho-de-conta,
príncipe da bisca, do bilhar e da bimbi.
Segue-o o valete dos matrecos.
Só depois vem o burrinho, José, Maria e Jesus,
a mulher dos sacos,
o homem dos trapos,
a menina do tule e dos laços.
A fechar, saltam os macacos a tocar os pratinhos,
(basta pôr a moedinha)
e os manetas trapezistas.
As ciganas trazem à cabeça os tarecos,
trastes velhos, mesquinhices,
gatos pardos, garfos rombos, patos marrecos.
O resto é fantasia!

Eu sou o Rei dos Trampolineiros!
Infantes malacuecos,
donzelas macacas, príncipes malinos,
virgens trapaceiras,
da selva surgem ainda negros flibusteiros,
espada em punho de renda branca.
Pulam manhosos
piratas maravilhosos,
gel na trunfa, sapatos garbosos,
vêm mansos como ministros,
e entre burguesas estendem
a toalha no relvado,
a dos quadrados.
Papoilas rubras, sangue nas flores prisioneiro.
Eles são os reis dos cavalheiros,
belas mãos, os financeiros.
Fingem o riso, trazem embuste,
cativam a fantasia por cumprir
invocam a beleza para a estiolar.
Saem macacos dos quadrados
dominós, arlequins, saguins,
outros bichos afins.
Fazem momices,
trajam de paletó, capindó,
trocam felizes pantominices,
sorriem em salamaleques,
agitam os leques velozes.
Tocam a sociedade em maior dó.

Eu sou o Rei dos Economistas!
Seres avessos, quatro patas,
cauda quase a apartar-se.
Ai as sardaniscas,
osgas putativas
de um Estado por servir!
Lançam um brinde de alegria,
um brunch comemorativo,
um pequeno-almoço de negócio.
Ai o sortilégio dos macacos
a toalha dos quadrados,
o valete dos malacuecos,
o piquenique das burguesas!
Rubro o ventre de quem banqueteou,
esquecido o sangue,
as papoilas, toda a beleza,
e o olhar branco do faminto.
Que requinte!

Ó Banqueiro dos Macacos,
Ó Ministro dos Malacuecos,
Ó CEO dos Trampolineiros,
Ó Director-Geral dos Trapezistas,
oiçam lá!

Eu sou o Rei das Pataniscas!


jef  março 2015

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