sexta-feira, 27 de março de 2015

Anna Magnani, Salvador Allende, Roberto Rossellini














Sobre os filmes «Amor» (1948) e «A Força e a Razão» (1971) de Roberto Rossellini. A propósito do ciclo sobre Roberto Rossellini, iniciado a 26 de Março de 2015, no cinema Nimas, em Lisboa

Anna Magnani, Salvador Allende, Roberto Rossellini
Sempre achei estranho o facto de o «neo-realismo» ser um tema olhado de lado, quase proscrito, pelos lados da crítica (talvez mais na literatura do que no cinema). Sempre achei, também, que alguns dos meus realizadores preferidos, Federico Fellini, Luchino Visconti, Vittorio De Sica, Roberto Rossellini, fizeram-me entender o Mundo colocando-o num iluminado palco real. Para mim, estes realizadores ajudaram-me a consciencializar a Verdade através de uma extraordinária confusão entre realismo, expressionismo e modernismo. Toda a Arte numa só Estética! Quase poderia dizer que os pressupostos do neo-realismo foram por eles proclamados e pelos mesmos negados. «Amor» traduz dois grandes planos apaixonados por Anna Magnani, ora em «A Voz Humana», palavra por palavra de Jean Cocteau, ora em «O Milagre», uma história mais religiosa que muitas homilias sagradas, escrita por Federico Fellini. Neo-realismo? Não ou talvez sim… Dois filmes num só, mais políticos do que parecem.
A sessão completa-se com uma lúcida e comovente entrevista a Salvador Allende, realizada por Rossellini a partir de Emidio Grego, onde o grande estadista assassinado fala superiormente do Homem do Século XXI – o Homem Humanizado, o Homem Irmão. Allende fala certo, muito certo, mas equivoca-se no século. Talvez o Homem Novo seja o do século XXII.

jef, março 2015

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