De onde surge a pulsão sexual. Onde reside a pulsão da morte. Qual o papel da devoção (ou alienação ou repressão) perante o imaginário católico? Como se unem no interior de uma criança e, mais tarde, no desenvolvimento da puberdade.
França rural e seminarista. 1905. Bruno Reidal, 17 anos, entrega-se como culpado e prefere escrever as suas memórias perante um júri que lhe poderá atribuir a condição de doente psiquiátrico.
É
a voz do criminoso-doente-culpado-inocente que guia o espectador através de uma
sistemática, sóbria e sombria confissão epistolar de alguém que, eternamente e
alternadamente, se culpabiliza e se inocenta perante um mundo que surge como
medieval ao som das sumptuosas e místicas partituras de Olivier Messiaen.
Tudo
nos é relatado pelo olhar de Bruno Reidal. Nada vemos mas também nada nos é ocultado. Nada podemos julgar. Num
grande flashback, os minutos finais unem-se
ao início do filme e aí somos confrontados com a consumação do sangue que, mais uma vez por
confissão, demostra uma descomunal desilusão face à tão aguardada
revelação.
Um
filme ponderado e quase reverente perante o que não tem solução.
O papel fundamental para o actor Dimitri Doré.
Uma forte reflexão estética e ética oferecida ao espectador.
jef,
setembro 2024
«Bruno
Reidal – Confissões de um Assassino» (Bruno Reidal, confession d’un meurtrier) de
Vincent Le Port. Com Dimitri Doré, Jean-Luc Vincent, Roman Villedieu, Alex
Fanguin, Tino Vigier, Nelly Bruel, Ivan Chiodetti, Dominique Legrand, Antoine
Brunel, Tristan Chiodetti, René Loyon, Rémy Leboucq, André Salson, Astrid
Vialard, Jeanne Fauchier, Gabriel Chiodetti, Nathan Fosse, Nicolas Chiodetti, Esteban
Dechambre, Victorien Delpuech, Arnaud Massol. Argumento: Vincent Le Port. Produção: Thierry Lounas, Pierre Emmanuel
Urcun, Roy Arida. Fotografia: Michaël Capron. França, 2001, Cores, 101 min.
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