terça-feira, 29 de outubro de 2024

Sobre a peça «O Fantasma da Ópera» de Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard Stilgoe. Campo Pequeno, 2024.



 



























O musical mais visto em todo o mundo. Desde 1986. Mais de 100 milhões de pessoas espectadores a verem uma história puramente teatral regressada do romantismo parisiense.

E percebe-se bem por que razão. Há muito que as árias mais famosas são trauteadas pelos nossos ouvidos e a produção contém requinte nos pormenores e no guarda-roupa, para além de cantores e actores e músicos e corpo de baile que fazem desta espécie de opereta um fenómeno encantado.

Nesta versão, existe um pormenor ainda mais destacado, uma cláusula que talvez seja a ignição secreta da história, o seu filão mágico: uma caixa de música tocada por macaquinhos que sustentará todo o enorme arco narrativo desta obra, em flashback (ou analepse). 

No início, no leilão, Raoul, já idoso, licita o objecto musical em memória de Christine, recordando ainda o Fantasma, ou melhor, conduzindo-nos misteriosamente até à sua infância enjeitada e enjaulada. Na Ópera, apenas madame Giry conhece a velha história e omite-a, embora seja Christine quem irá conhecer a caixa de música, Christine que será subjugada pelo poder mental e emocional do Anjo da Música. 

No final da peça, as memórias do ser defeituoso, em desespero, surgem como num véu ou num sonho, enquanto ele se agarra ao som mecânico e metálico dos macaquinhos. Um regresso à infância que ele nunca terá tido por rejeição materna. Um conto quase psicanalítico baseado em certos factos míticos ou reais que mantém, ainda hoje, o camarote número cinco da Ópera de Paris dedicado ao ser desfigurado, mascarado e amorosamente demoníaco.

Enfim, aquela caixa de música poder-se-ia chamar “Rosebud”


jef, 26 de outubro de 2024

«O Fantasma da Ópera» (The Phantom of the Opera). Texto: Charles Hart e Richard Stilgoe. Música: Andrew Lloyd Webber, a partir do romance «Le Fantôme de l'Opéra» de Gaston Leroux. Produção: Cameron Mackintosh and Really Useful Theatre. Com Nadim Naadam (Fantasma), Bridget Costello (Christine / Georgia Wilkinson), Dougie Carter (Raoul), Lara Martins (Carlotta), Arvid Larsen (Andre), Nicholas Garrett (Firmin), Valerie Cutko (Madame Giry), Matthew McDonald (Bouquet), Paul Erbs (Monsieur Reyer), Anna Mullan (Meg Giry), Joseph Claus (Ubaldo Plangi), Jenny Perry (Coro da Opera de Paris), Jack Campbell (dança direcção). 120 minutos.

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