Patricia Highsmith escreve «A Game for the Living» em 1958,
passado essencialmente na cidade do México e, depois, em Acapulco. Interessa-lhe muito
mais a perspectiva social de Theodore Schiebelhut, rico pintor alemão exilado
num país, e a relação deste com o seu amigo, Ramón Otero, um humilde restaurador
de móveis, vivendo num modesto apartamento. Tudo os afastaria, contudo a
amizade vence assim como a comum paixão, partilhada por ambos, pela pintora
Lelia Ballesteros. Depois, sucede a tragédia, as suspeitas, as acusações, as
dúvidas, que vão separando o impulsivo e católico Ramón e o cerebral e
agnóstico Theodore. Uma vibração de amizade profunda, quase com timbre de
homossexualidade, que vai sendo vigiada pelo inspector Sauzas, um super (ou
sobre herói) que coloca a bonomia mexicana nos diversos acontecimentos
(por vezes inusitados, em jeito de Agatha Christie) a provocar a trama da
intriga, envolvendo-nos e obrigando-nos a ler até ao fim e pela noite fora, suspeitando
ora de uma ora de outra personagem.
Para Patricia Highsmith, o que lhe interessa é a observação
psicológica das personagens que se movimentam à volta do crime. O crime é apenas
o móbil secundário.
jef, setembro de 2025
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