Filomena Marona Beja é uma autora única. Muda de editora a cada novo romance. Não se mostra mas impõe-se há muito no panorama literário português. Não gosta de modas mas atenta a tudo quanto é política e publicamente contemporâneo.
A escrita de Filomena Marona Beja não utiliza metáforas, não
usa adjectivos gongóricos ou outras partículas adjectivantes. Não preenche o
espaço de períodos e parágrafos com algodão para amortecer a queda do leitor.
O leitor que se prepare, que ginastique a leitura. A leitura
parece mas não é simples. Deve ser muito atenta.
Filomena Marona Beja não moraliza, não romantiza, não julga.
A escrita de Filomena Marona Beja compreende. Compreende o
espaço e o tempo de um modo invulgar.
A leitura de «Um Rasto de Alfazema» é exigente e
gratificante. E não se espere primeiras páginas tradicionais, conclusões grandiloquentes.
Talvez as únicas metáforas que Filomena Marona Beja consente em
«Um Rasto de Alfazema» sejam o aromático título, a arriscada ascensão do balão
de ar quente do palhaço Vira-Vento e a directa referência ao escritor e
jornalista Guilherme de Melo, ao seu livro «A Sombra dos Dias» (1981).
Por isso, a leitura de «Um Rasto de Alfazema» de Filomena
Marona Beja é eficaz.
(Já decorou o nome da autora e do livro? Ainda bem! Não se
arrependerá de o ler.)
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