«Cãs»
não tem medo do futuro. Sequer da tradição da Pop. Sequer da electrónica que permanece
inscrita no código genético de um certo músico chamado Armando Teixeira.
Balla
é um ser plástico e mutante, que dispensa organização ou definições. Os quatro
temas do Lado A (Contramão, Xeque-Mate, Motim e Segredos) e outros tantos no
lado B (A Noite, Coração Desarrumado, Ardor e Dias Felizes) do long playing fazem jus ao lado descomprometido, lúdico, quase pueril de uma música para ser ouvida na
radio de um automóvel em direcção a alguma praia próxima distante.
Contudo,
os temas citados fazem igualmente uma piscadela de olho nostálgica, uma declaração singela
ao porvir, um compromisso de honra de alguém que reconhece os vinte anos passados
sobre a edição do álbum «Le Jeu» (2003). Ao amor surgem xeques-mate, motins,
segredos, ardores e desarrumos, mas nunca cãs.
Por
isso, este disco sorri ao privilegiar um certo gozo invisível de brincar aos
subterrâneos dos seus próprios clássicos. A pop-pop de «Segredos», o romantismo de «Coração Desarrumado», o sinfónico de «Motim».
Por
isso a inicial abstracção de «Contramão». Salivada, urbana e modular.
E,
por fim, essa piscadela de olho nostálgica, reconciliação quase easy-listening de
«Dias Felizes». No fundo, no fundo, porque eles existem e nos são
imprescindíveis!
jef, julho 2023
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