Sobre
o assunto em epígrafe, podemos dizer que através do filme «O Veneno» de Sacha Guitry (1951)
está tudo e melhor dito. A mais ácida comédia sobre o crime e o seu julgamento
social e judicial, executada pela elevadíssima mestria da cinematografia francesa.
Sem
dúvida, agora, o filme de François Ozon diverte, faz sorrir, delicia os olhos
com belas mulheres e bons actores, e os ouvidos com cuidada banda sonora,
apresenta decores no ponto para um filme que se passa por volta de 1935, além
de um guarda-roupa de época e estilo. Talvez mesmo as cenas mais subtis tenham no
centro esse magnifico actor Fabrice Luchini a fazer de juiz burocrata, Gustave
Rabusset, de senso um tanto lerdo mas deslumbrado pelo próprio estatuto. Claro
que também temos as actrizes Nadia Tereszkiewicz, representando Madeleine
Verdier, uma, actriz de baixo recorte, e Rebecca Marder, a advogada Pauline Mauléon
de causas menores, que partilham um modesto apartamento e vivem a tinir sem
dinheiro. E também, Isabelle Huppert, uma híper-caricaturada vedeta expressionista
do cinema mudo pouco adaptada ao sonoro, Odette Chaumette.
Tudo
parece ir no bom sentido, tudo parece estar bem encadeado e divertido
quando, à beira do final, as coisas perdem folego, ficam sem brilho, as
personagens vão desaparecendo do filme. Uma pena!
Muita
e bela parra para tão pouca e desenxabida uva.
jef,
julho 2023
«O
Crime é Meu» (Mon crime) de François Ozon. Com Nadia Tereszkiewicz, Rebecca
Marder, Isabelle Huppert, Fabrice Luchini, Dany Boon, André Dussollier, Édouard
Sulpice, Régis Laspalès, Olivier Broche, Félix Lefebvre, Franck de la Personne,
Evelyne Buyle, Michel Fau, Daniel Prévost, Myriam Boyer, Jean-Christophe Bouvet.
Argumento: François Ozon. Produção: Eric e Nicolas Altmayer. Fotografia:
Manuel Dacosse. Música: Philippe Rombi. Guarda-roupa: Pascaline Chavanne. França,
2023, Cores, 102 min.
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