Este
filme tem a pretensão de ser um filme “fracturante” (como agora se usa dizer)
sobre o tema dos amores além-convenção. A história de Anne (Léa Drucker) uma
advogada de sucesso, que opera na causa adolescente perante a lei e a sociedade, recebe
em casa o filho do primeiro casamento do marido, Pierre (Olivier Rabourdin). Um
adolescente provocador, irado e irreverente, Théo (Samuel Kircher), que a vem
perturbar emocional e sexualmente revelando-lhe a rotina enfadonha que o atarefado
casal levará. Uma proposta interessante. Contudo falhada
Théo
parece ser uma cópia falsificada de Björn Andrésen, o Tadzio de «Morte em
Veneza» (1971) e por falar em filmes falhados sobre amores “ilícitos”, ao ver
este filme, para além de devermos esquecer o citado Visconti, também teremos de
o fazer para «Ensina-me a Viver» (Harold and Maude) que Hal Ashby realizou no
mesmo ano. Devemos igualmente esquecer alguns livros como «Lolita» de Nobokov
(1955) ou «O Amante de Lady Chatterley» de D. H. Lawrence (1928). Tudo obras
belas que, na altura, foram realmente instigadoras de discussão e mudança na pública consciência.
Agora,
«No Verão Passado» não passará de uma sequência de cenas de sexo supostamente “explícito”
mas que duram mais do que o necessário (se é que são mesmo necessárias) entrecortadas por belos copos de vinho
branco a serem bebidos.
O
que safará o filme é a esplêndida actriz Léa Drucker que infelizmente só perto
do final se revela quando sustém a mentira perante a perplexidade do marido e do enteado.
A
“imoral” moralidade do fim do filme não é suficiente para o salvar.
jef,
outubro 2023
«No
Verão Passado» (L'Été Dernier) de Catherine Breillat. Com Léa Drucker,
Samuel Kircher, Olivier Rabourdin, Clotilde Courau, Serena Hu, Angela Chen, Romain
Maricau, Romane Violeau, Marie Lucas, Nelia Da Costa, Lila-Rose Gilberti, Jean-Christophe
Pilloix, Karim Achoui. Argumento: Catherine Breillat. Produção: Saïd
Ben Saïd. França, 2023, Cores, 104 min.
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