Emilio
de Roccanera, nobre italiano e senhor de Ventimiglia, lidera o leme e as
aventuras marítimas do grande navio “Relâmpago” pelos mares das Caraíbas, mares
que circulam entre as riquezas das colónias espanholas, Cuba, Golfo do México,
Venazuela... Mas o Corsário Negro não pretende as riquezas que rouba e que vai distribuindo
pelos flibusteiros e bucaneiros que servem a equipagem do navio. Ele apenas quer
recuperar o corpo enforcado do seu irmão o Corsário Verde, exposto na praça de
Maracaíbo a mando do seu inimigo figadal, o flamengo a soldo dos espanhóis, Wan
Guld. Esse sim, o arqui-inimigo e traidor para quem deseja a vingança suprema. A
operação é coroada de êxito apesar de tão arriscada como aventurosa, secundada
pelos companheiros de armas Carmaux e Wan Stiller, dois piratas que até então
navegavam com um terceiro irmão assassinado, o Corsário Vermelho, e ainda pelo
forte e leal negro Moko.
Claro
que nenhum dos heróis morre! Claro que ninguém sequer fica ferido! Estejam descansados.
E ainda aparece o amor misterioso e contido, talvez mesmo condenado, pela
belíssima duquesa Honorata, feita prisioneira para servir um chorudo resgate. E
ainda temos a eterna, lenta e sofrida progressão pelos mangais tropicais de Maracaíbo,
onde as plantas, animais, feras e invertebrados são descritos com minucia, por
vezes debaixo de violentas tempestades tropicais sob a luz de relâmpagos e
fortes trovões comparados a carros e comboios apesar de estar em pleno século
XVII.
Mas
isso pouco importa, nem Salgari terá conhecido de perto as tropelias náuticas que
narra e descreve. O que é bom reconhecer é que o autor italiano tem o jeito
espantoso de alongar a narrativa ou de apressá-la a seu belo prazer, sem olhar
a meios, tantas vezes sem coerência, mas dando-lhe um ritmo infatigável que, juntamente
com a mestria de encher a história de apontamentos misteriosos que se desenvolverão
mais além, torna-o um dos grandes mestres literários das leituras oníricas e
novelescas dos adolescentes de antanho.
A
seguir, pois claro, lerei «A Rainha das Caraíbas» para saber como a história
continua.
jef,
outubro 2023
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