quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Sobre o disco «Pulse» de Decline and Fall. Bleak Recordinds, 2024.



 




















Depois de «Gloom», «Pulse», dois EP saídos da veia artística de um trio composto por Hugo Santos, Ricardo S. Amorim e esse Armando Teixeira, molde de conteúdo e volume certos mas dirigidos para formas incontáveis. Digamos, neste caso, um trio que é o molde aquático, ou subaquático, onde podemos mergulhar numa necrópole oceânica onde se guardam as memórias de uma certa batita electrónica, obscura, densa, dançável, introspectiva. Tão marcante, tão em declínio e, por isso, tão perene.

Seis faixas: “Disreality”, “Dead Channel”, “Unspoken”, “Hades”, “Predator and Prey”, “Warm Leatherette” - um modo de nos aproximarmos do que já não existe, coisa que na música é impossível. Por princípio, a música popular reinventa eternamente o que pensamos não vir mais à superfície. Insubmisso túmulo aquático.

Psicanalítico e interior, o pulsar abafado da batida do coração no interior do líquido amniótico, um trip-hop liquefeito. Uma certa fúria terna, angustiada e fúnebre, quase paranoica, deixada pelos espelhos de água que irradiaram de um certo punk quase esquecido.

Tudo se mistura nos dias da música. Escrevo rápido, lembro-me da minha memória aquosa como tinta derretida – Portishead, Massive Attack, Joy Division, Sétima Legião, Depeche Mode, The National.

Enfim, a morte, o sono, a memória e o esquecimento. O renascimento.

A música é a mortalha. Será sempre o seu berço.


jef, janeiro de 2024


https://banddeclineandfall.bandcamp.com/album/gloom

https://open.spotify.com/.../4DMoBz7lv5iBEPqg2CmdNF...

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