Depois
da distopia americana («American Utopia», 2018 e «American Utopia on Broadway»,
2019), David Byrne regressa às pequenas criaturas, a uma visão do que nos une no mundo exterior caleidoscópico, no que nos afasta do nosso casulo interior.
A música de David Byrne deve ler-se!
Afinal. o apartamento é o nosso amigo mais íntimo, aquele que, à parte porta e
janelas, nos liquida ânsias, esperanças e desesperos.
Afinal,
existe uma porta que nos nega permanentemente a entrada até que o género muda e radicalmente a premissa altera-se.
Voltemos à origem de tudo:
“Love
is here, love is gone
Love
will prove that anyone
Can
change their mind.
Love
is time, love is space
Love
will have you find a place
To
come inside.
What
is the reason for it? Why is it there?
Is
it my body or my brain?
Nobody
understands it, they all believe
That
it will all make sense someday
Love
is war, love is peace
Love
is such a tasty treat
What
is the reason for it?”
Claro
que não existe propriamente uma razão para
tal. Quem o toca é aquela orquestra de câmara que sempre acompanha o músico em
permanente movimento – a Ghost Train Orchestra. Sigamos pois a banda!
“Everybody
laughs and everybody cries
Everybody
lives and everybody dies
Everybody
eats and everybody loves
Everybody
knows what everybody does”.
Porque
na verdade estaremos sós, apesar de todos saberem o que comemos no restaurante
através do nosso próprio telemóvel. Pois mais vale observar do que ir até lá!
Oh, quem me dera lá estar, Avant garde!
“Should
I be more like the avant garde?
Would
it be easy, or would it be hard?
For
a life that's exciting, if one wants to go far
There's
only one place that's the avant garde
I
wanna go there
I
wanna go there
I'll
take you with me
The
things that we'll see.”
Sem
respostas para dar, apenas com uma mão cheia de fast food gourmet.
“I
met the Buddha at a downtown party
He
was hanging by the pastries and the canapés
I
said, "Dude, should you really be eating
All
of that unhealthy stuff?
He
said, "I had to retire from that enlightenment biz
I
don't have the answers, and I never did
They
think I can help them, but I'm not that smart
So
here, have a piece of this blue blueberry tart"”
David
Byrne tem sempre uma resposta sem resposta para nos oferecer. Uma dúvida por uma dúvida. E de
dúvida em surpresa, podemos ir agitando o esqueleto dentro do seu amplo dicionário
melódico, da sua parafernália de ritmos sintéticos, sinfónicos, de dança tribal,
de sonoridades mais ou menos africanizadas, mais ou menos caribenhas. Afinal,
sempre música nova-iorquina.
Psycho Killer!
Se,
concretamente, nunca iremos obter uma resposta concreta e definitiva, o melhor
é continuar a agitar o corpo e a justiça para tal. Talvez um dia lá chegaremos.
Abramos
então o espírito, alguém está a pedir permissão para entrar.
“You
know who I am
You
know where I've been
Now
I’m outside your mind
And
I'm trying to get in
I'm
standing out here
By
your red velvet rope
Your
bouncers all say
"Dude,
you haven’t a hope"”
jef,
novembro 2025


Sem comentários:
Enviar um comentário