domingo, 9 de novembro de 2025

Sobre o disco «Who Is The Sky?» de David Byrne, Matador Records 2025

 




 







Depois da distopia americana («American Utopia», 2018 e «American Utopia on Broadway», 2019), David Byrne regressa às pequenas criaturas, a uma visão do que nos une no mundo exterior caleidoscópico, no que nos afasta do nosso casulo interior.

A música de David Byrne deve ler-se!

Afinal. o apartamento é o nosso amigo mais íntimo, aquele que, à parte porta e janelas, nos liquida ânsias, esperanças e desesperos.

Afinal, existe uma porta que nos nega permanentemente a entrada até que o género muda e radicalmente a premissa altera-se.

Voltemos à origem de tudo:

“Love is here, love is gone

Love will prove that anyone

Can change their mind.

Love is time, love is space

Love will have you find a place

To come inside.

What is the reason for it? Why is it there?

Is it my body or my brain?

Nobody understands it, they all believe

That it will all make sense someday

Love is war, love is peace

Love is such a tasty treat

What is the reason for it?”

Claro que não existe  propriamente uma razão para tal. Quem o toca é aquela orquestra de câmara que sempre acompanha o músico em permanente movimento – a Ghost Train Orchestra. Sigamos pois a banda!

“Everybody laughs and everybody cries

Everybody lives and everybody dies

Everybody eats and everybody loves

Everybody knows what everybody does”.

Porque na verdade estaremos sós, apesar de todos saberem o que comemos no restaurante através do nosso próprio telemóvel. Pois mais vale observar do que ir até lá! Oh, quem me dera lá estar, Avant garde!

“Should I be more like the avant garde?

Would it be easy, or would it be hard?

For a life that's exciting, if one wants to go far

There's only one place that's the avant garde

I wanna go there

I wanna go there

I'll take you with me

The things that we'll see.”

Sem respostas para dar, apenas com uma mão cheia de fast food gourmet.

“I met the Buddha at a downtown party

He was hanging by the pastries and the canapés

I said, "Dude, should you really be eating

All of that unhealthy stuff?

He said, "I had to retire from that enlightenment biz

I don't have the answers, and I never did

They think I can help them, but I'm not that smart

So here, have a piece of this blue blueberry tart"”

David Byrne tem sempre uma resposta sem resposta para nos oferecer. Uma dúvida por uma dúvida. E de dúvida em surpresa, podemos ir agitando o esqueleto dentro do seu amplo dicionário melódico, da sua parafernália de ritmos sintéticos, sinfónicos, de dança tribal, de sonoridades mais ou menos africanizadas, mais ou menos caribenhas. Afinal, sempre música nova-iorquina.

Psycho Killer!

Se, concretamente, nunca iremos obter uma resposta concreta e definitiva, o melhor é continuar a agitar o corpo e a justiça para tal. Talvez um dia lá chegaremos.

Abramos então o espírito, alguém está a pedir permissão para entrar.

“You know who I am

You know where I've been

Now I’m outside your mind

And I'm trying to get in

I'm standing out here

By your red velvet rope

Your bouncers all say

"Dude, you haven’t a hope"”

 

jef, novembro 2025

Sem comentários:

Enviar um comentário