quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Sobre o livro «No Caminho da Poesia / Entre Sophia e Nava» de Carlos Mendes de Sousa, Documenta, 2025



 


















Estimo Carlos Mendes de Sousa como amigo, esse amável releitor de poesia. Talvez melhor, colector, recolector, recoleccionador de poesia. Compro o livro, também e ainda por isso. Acho um óptimo motivo.

Contudo, há mais, mesmo ainda sem ter lido as três fracções que o compõem: (Lugar da Poesia, Falar de Poesia e, por último, digamos, a imagem recordada da poesia). Carlos Mendes de Sousa, para além de tudo, o tal amável colector da dita, talvez mesmo dela tricotador, nunca deixa de se deslumbrar ou fantasiar por ela, mesmo se, imagino eu, o trabalho o obrigue, quantas vezes, a buscar mais o pó dos arquivos do que a poesia inscrita por baixo dessa poeira temporal. No fundo no fundo, ele é um angariador para a poesia. Página a página, e não de porta em porta.

Também o comprei porque nele se fala de cinco criaturas: Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade. Fiama Hasse Pais Brandão, Luís Miguel Nava e Eduardo Lourenço. Três das quais, amigas minhas de longa data, desde os caderninhos brancos, singelos, puros, fulcrais, da Limiar e da Caminho (mais tarde na obra reunida na Imprensa Nacional ou na Assírio & Alvim) ou do longo volume Obra Breve – Poesia Reunida. (Não sei porquê mas a poesia sempre fica mais acarinhada nos livros pequeninos).

Mas esses três autores perseguem-me. Perseguem-me no modo como tornam abstractos e afectivos uma quantidade tão grande de substantivos: flores e mares, andorinhas, seixos e árvores, beijos, pele ou esquecimento. (Eu que sou silvicultor!)

Se conheço alguns dos textos de Carlos Mendes de Sousa, vindos talvez de um moribundo (ou já defunto) Jornal das Letras, sei que vou agora aprofundar o caderno de substantivos desses três seres e procurar o dos outros dois que não conheço tão bem.

Tenho a certeza de que o amável e apaixonado lente não irá rasurar com gatafunhos de exegese sorumbática aqueles meus santos de oníricas viagens, antes, com parcimónia e sensibilidade, sublinhará o mais bonito vocábulo para cada um deles!

Depois de o ler voltarei aqui.


jef, 11 de novembro de 2025

 

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