quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Sobre o filme «Boyhood: Momentos de Uma Vida» de Richard Linklater, 2014.













                                                                                         
Ao correr do tempo.
Cumplicidade. Coerência. Consequência.
Compor personagens durante 12 anos, colocá-las dentro de uma história e pedir a actores, fotógrafos, anotadores que os acompanhem durante esses 12 anos, parece tarefa de produção irrealizável. Mais do que desgraçado, seria um filme que, à partida, estaria condenado à morbidez do voyeurismo, ao anacronismo de um Tempo que anda aos saltos e não em linha recta como para os objectos de arte.
Mas não. Richard Linklater consegue o impossível e entrega-nos a obra à nossa própria gestão do tempo, justificando o princípio de que mais do que aproveitar o momento é o momento que chega para nos usar.
O Tempo justificável.
Nada estaria feito não fosse a cumplicidade tão próxima por esses momentos breves: Ethan Hawke, Patricia Arquette e, agora, Ellar Coltrane e Lorelei Linklater.
O nosso Tempo seria completamente desperdiçado se a narração não possuísse essa coerência familiar, esse equilíbrio de géneros, a difícil similitude de paisagens e cenários.
Seria um filme perdido caso a consequência da vida destas pessoas não viesse bater na justiça do Tempo utilizado pelo espectador em observá-las e, directamente, a justificar o passado que vai ficando para trás das suas próprias costas. Única a derradeira cena em que num fugaz segundo Mason (Ellar Coltrane) olha-nos nos olhos e, silencioso, questiona:

Afinal, que fizeram vocês do vosso Tempo?

jef, dezembro 2014

«Boyhood: Momentos de Uma Vida» de Richard Linklater, 2014. Com Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Elijah Smith, Lorelei Linklater.

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