Existe na comédia de Sacha Guitry, uma alegria esfusiante,
um entusiasmo explícito que só pode ser comparado à felicidade. A uma felicidade
que ultrapassa os cânones da moral cristã, autopunitiva, sempre contente por estar a sofrer.
Esta comédia é teatro puro filmado após tantas vezes representado
em palco por Sacha Guitry ao lado de outro actor, Lucien Guitry, seu pai. Aquele, filho, este, pai. A confusão entre o palco e a realidade está lançada. Mais
tarde, Sacha substitui Lucien e a comédia de costumes amplia-se e adensa-se
numa continua guerra de frases, enganos e situações, em três actos, tão dramaticamente
coerente como realisticamente disparatada.
Como em Fígaro de Beaumarchais, como nas comédias loucas de
Ernst Lubitsch, Howard Hawks, Billy Wilder.
Aqui o amor vence sempre, todos os amores em toda a pujança
delirante. Assim é bom ser pai e filho e amante.
Toda a vida devia ser assim. Divertida, terna, compreensiva. Surpreendente
e alegre. Sem a lógica da culpa, sem a sombra do pecado. Como na excitação de um
palco!
jef, agosto 2018
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