Isto não é um documentário. Não é uma
reportagem. Isto é um filme.
Aqui discute-se a frase de Jean-Luc
Godard «O cinema mente, o desporto não». O que é a verdade no cinema. O que é a
verdade num jogo de milhões feito para ser filmado e visto por milhões.
Aqui se vê o trabalho de arquivo,
sobre o qual o realizador trabalhou, de Gil de Kermadec, funcionário da
Federação Francesa de Ténis, ex-jogador e divulgador educativo da modalidade.
Horas de filmagem em 16mm sobre os grandes jogadores e a transformação do ténis
no desporto de massas que é agora. Aqui se discute também o efeito da câmara sobre a personalidade do jogador, sobre o resultado do jogo, sobre o modo como
o espectador os vê: Jogo e Jogador.
Aqui se vê a longa partida de Roland
Garros entre John McEnroe e Ivan Lendl. 1984.
Aqui se ouve os comentários de Serge
Daney que vem dos Cahiers du Cinema para o Ténis. Aqui se fala do jogador e do
que lhe está em volta (o campo, o fora de campo, o contracampo). Aqui se compara
o tempo que se prolonga no ténis ad
aeternum com o tempo que logo é finito quando começamos a ver um filme.
Este é um grande filme sobre o tempo,
o nosso tempo finito onde o cinema e o desporto ocupam o mesmo espaço. A nossa
preplexidade.
jef, março 2019
«John McEnroe: O Domínio da Perfeição»
(L'empire de la Perfection / In the Realm of Perfection ) de Julien Faraut. Com
John McEnroe, Ivan Lendl, Jacques Pernod, Cedric Quignon-Fleuret, Nicolas Thibault.
Narrado por Mathieu Amalric. Som (misturas): Leon Rousseau. Montagem: Andrei Bogdanov. França, 2018,
Cores, 95 min.
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