«O tempo é a nossa história».
Qualquer coisa assim vai sendo repetida entre os dois quase
amigos na viagem que fazem, quase involuntariamente, ao longo de uma fronteira
que desejam mas também temem usurpar. A fronteira geográfica estabelece mais a fractura entre gerações entre guerras do que o paralelo que separa ocidente e oriente. Que venha a América, já que a exibição de cinema e a
impressão de jornais andam desfocadas da actualidade e a amizade, o
suicídio, a condição humana, são coisas a serem discutidas aprofundadamente.
Uma “neue Welle” definida esteticamente pela arquitectura
crua das linhas que apontam para o escombro e a vontade de futuro, onde a ternura e
o riso são tão importantes quanto a necessidade de ruptura. Os actores sem
duplos, sem rede, tomados a nu pelo passado e pela paisagem.
Quando surgiu o filme, o mundo andava numa roda-viva, entre
bombas, convulsões, terrorismo e revoluções. O mundo precisava de filmes e
jornais. Víamos deslumbrados Wim Wenders, Reiner Werner Fassbinder, Andrei Tarkovksy…
O mundo agora continua numa roda-vida e a necessitar com
urgência de salas de cinema e imprensa séria.
E eu continuo deslumbrado por «Im Lauf der Zeit»!
jef, dezembro 2019
«Ao Correr do Tempo» (Im Lauf der Zeit) de Wim Wenders. Com Rüdiger
Vogler, Hanns Zischler, Lisa Kreuzer, Rudolf Schündler, Marquard Bohm, Hans
Dieter Traier, Franziska Stömmer, Peter Kaiser, Patrick Kreuzer, Michael
Wiedemann. Argumento: Wim Wenders. Fotografia: Robby Müller, Martin Schäfer.
Música: Axel Linstädt. Alemanha, 1976, preto e branco, 175 min.
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