Neste
filme, Eric Rohmer transforma Paris num labirinto onde as pessoas se perdem
sistematicamente na tentativa de encontrarem, mais do que o objecto da
investigação, o percurso mais directo para lá chegar. No entanto, Paris é uma
cidade mais sombria que luminosa, mais sonolenta que insone, mais suja que
brilhante.
François
(Philippe Marlaud) tenta investigar o motivo por que é abandonado por
Anne (Marie Rivière) que não esquece o seu aviador Christian (Mathieu Carrière)
que, naquele dia, veio anunciar que regressará à grande cidade mas com a mulher
pois esta espera um filho seu. Troca por troca, François insiste, investiga, persegue
e constrói uma teoria bem arquitectada que justificaria todo o abandono
sentido. Para construir a teoria é ajudado pela jovem amiga Lucie (Anne-Laure
Meury). Mas o percurso das cartas no interior do correio numa cidade como Paris
não é linear e como “É impossível não pensar” (como é lido em epígrafe neste episódio
de «Comédias e Provérbios») a realidade não acompanha tal teoria de encontros e
amizade. Uma cidade é edificada mais para se trabalhar do que parase amar.
«A
Mulher do Aviador» é um dos filmes mais urbanos, ternos e melancolicamente realistas de Eric
Rohmer.
jef,
outubro 2021
«A
Mulher do Aviador» (La Femme de l’Aviateur) de Éric Rohmer. Com Philippe
Marlaud, Marie Rivière, Anne-Laure Meury, Mathieu Carrière. Philippe Caroit, Coralie
Clément, María Luisa García, Haydée Caillot, Mary Stephen, Neil Chan, Argumento:
Éric
Rohmer. Produção: Margaret Ménégoz. Fotografia: Bernard Lutic. França, 1981,
Cores, 106 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário