2017 – 2021. Quatro anos depois, os Knok Knok apresentam uma nova cassete com o título «Gravidade». A capa é desenhada pela artista Yara Kono.
Se
esta “electrónica” de Armando Teixeira tecida sobre a “acústica” de Duarte Cabaça
poderia, à partida, sugerir o aprofundar de um mundo distante, onírico, futurista
ligado à ficção científica cinematográfica, numa abstracção que nos levantaria
os pés do chão em acto de imponderabilidade ‘gravidade zero’, a verdade é que o
álbum intitula-se, bem pelo contrário, «Gravidade», ou seja, 9,8 multiplicado
pela massa do corpo, se a estivermos a medir na superfície do planeta Terra.
Tudo
isto para dizer que, por mais etérea que seja a índole a que se expõe esta
música, Armando Teixeira e Duarte Cabaça não conseguem reprimir uma certa
rebeldia, diria quase pueril, de subverter o cânone seriíssimo com que muitas
vezes é olhada certa música electrónica.
Essa
erudição apócrifa vem aqui prateada pela bola de espelhos, colorindo a pista de
dança («Osso Rugoso»), ou até sublinhando certos sonhos infantis e aquáticos,
quando as crianças ainda adormeciam depois de lerem os episódios das «Vinte Mil
Léguas Submarinas» de Júlio Verne («Centopeia»).
A
gravidade da Terra e a perfeita imperfeição humana contida na melhor acção
lúdica musical.
Sugerem
Armando Teixeira e Duarte Cabaça: de pés bem assentes num planeta defeituoso, esqueçam
a memória musical do passado ou a sua expectativa futura. Usem a gravidade do
som presente e divirtam-se enquanto é tempo!
jef, outubro 2022
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