Quando 15 textos curtos meus vêm,
quatro anos depois, ilustrar 16 obras plásticas de André Ruivo nascidas
para serem “postadas” no vazio da internet e que foram expostas na Casa da Cultura de Setúbal, em Novembro de 2018.
Renascimento feliz para estas imagens figurativamente abstractas criadas pelo André e que desafiaram a figurativa abstração da minha
fantasia. Escrever sempre foi criar imagens codificadas sobre uma realidade que
se transforma continuamente. E, através desse código narrativo e, digamos, definitivo, a escrita tende a impor uma predominância ou uma certa hegemonia estética. Quantas vezes
falsa.
Quem terá nascido primeiro, o ovo ou a galinha? O pincel ou a pena?
A imagem ou a ideia?
Quem leia estes desenhos ou observe estes pequenos contos que
o diga.
Um livro onde as cores e os objectos são, naturalmente, muito importantes, porque físicos mas codificados nas diversas linguagens.
‘«O equilíbrio, em última análise, é
a capacidade extrema de não se desequilibrar. É a busca eterna feita por dentro
e por fora do corpo humano. É também a permanente fúria calma que invade os
infinitos céus da astrofísica e as partículas mínimas da incerteza que fazem de
Schrödinger um improvável gato quântico.» Assim pensa Anselmo, que tem grande
queda para perseguir tal simetria, pois sabe que sobre um estado aparentemente
harmonioso paira sempre o fantasma futuro do seu oposto – o desequilíbrio.’
em «O Equilibrista»
jef, outubro 2022
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